SOCIEDADE PORTUGUESA DE OVINOTECNIA E CAPRINOTECNIA
Recursos Genéticos -  Ovinos
Churra da Terra Quente - História
 Origem e história

Segundo Miranda do Vale “a pecuração arietina portuguesa formou-se à custa de dois troncos, o ovis aries ibericus e o ovis aries africanus”.

Ainda, segundo o mesmo autor, a raça aborígene, derivada do tronco ibérico, é constituída na sua maioria por produtos de cruzamento e mestiçagem dos dois troncos, dando origem a populações cujas características resultaram da sua adaptação ao meio.

A Churra da Terra Quente proveniente da fusão das raças Badana e Mondegueira certamente com ancestrais vindos dos Pirinéus pertencentes ao tronco ibérico. Raças rústicas, bastante fecundas, dando frequentemente partos gemelares boas leiteiras e de regular carne.

 A criação de ovinos em Trás-os-Montes tem nas suas origens dois grupos distintos que se distribuíam nas chamadas Terra Quente e Terra Fria, respectivamente o badano e o galego.

 Na Terra Fria ainda hoje as populações ovinas dos concelhos de Vinhais e Bragança, nordeste de Macedo e norte de Vimioso são essencialmente constituídas por animais da raça Churra Galega Bragançana, enquanto nos concelhos de Miranda, Mogadouro e sul de Vimioso predomina a Churra Galega Mirandesa.

 Na Terra Quente onde o gado Badano possuía efectivos que em 1870 atingiam os 226.356 animais e em 1940  209.500, segundo arrolamentos referidos por Norberto A. Xavier e Amadeu C. Rodrigues, verificou-se a partir dos anos 50/60 a sua substituição por mestiçagem com a raça Mondegueira na tentativa de, à grande rusticidade e consequente adaptação ao meio se conseguir acrescentar maior produtividade, tanto de carne como de leite.

O resultado foi tão conseguido que nos dias de hoje a raça Churra Badana corre sérios riscos de extinção e se encontra reduzida a um efectivo de cerca de 3.000 exemplares.

 A estreita ligação ao meio e aos sistemas de agricultura na sua área de dispersão, conferem à raça Churra da Terra Quente a rusticidade e longevidade características que, aliadas a uma razoável capacidade produtiva e elevadas performances reprodutivas, desempenha importante papel económico e social na região. Salientam-se ainda as suas boas características maternais.

Acresce ainda a possibilidade real de melhorar o seu nível produtivo pelo facto de se tratar de uma raça com grande variabilidade genética

 O Registo Zootécnico da Raça Churra da Terra Quente iniciado em 1991 pelo Centro de Ovinicultura do Nordeste é desde 1993 da responsabilidade da ANCOTEQ, Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Churra da Terra Quente, por despacho do Director Geral da Pecuária.

 

 

Sistemas de exploração

 A dimensão dos rebanhos da Churra da Terra Quente é condicionada pelo tamanho das explorações em que estão inseridos. Assim, quando as áreas da propriedade atingem maior dimensão, o rebanho pode atingir o meio milhar de fêmeas, sendo na maior parte dos casos de 100 a 150 ovelhas.

 A alimentação dos ovinos está grandemente dependente dos sistemas de agricultura praticados na região onde predomina o sistema cerealífero com áreas reservadas à rotação cereal/pousio, apreciáveis extensões de olival/amendoal/vinha, algumas áreas de regadio, pastagens semeadas, e lameiros com pastagens naturais. O aproveitamento destes recursos por pastoreio directo ou através de cortes para fenos e/ou palhas de grande utilidade nos períodos de carências, é feito de acordo com a capacidade forrageira disponível e a dimensão da exploração e do efectivo.

 A exploração desta raça que em tempos não muito longínquos era baseada na tripla função (lanígera, leiteira e creatopoiética) está actualmente orientada para a produção de leite e borrego sendo a lã produto com muito pouca valorização que por vezes não paga os custos da tosquia.

 A reprodução é feita de modo natural com separação dos machos nas explorações com melhor maneio reprodutivo ou com utilização de “aventais” para evitar a cobrição das fêmeas em períodos não desejáveis, uma vez que estas são de ciclo éstrico contínuo.

A principal época de cobrição é na primavera, logo após a tosquia, com parições concentradas nos meses de Setembro a Novembro.

O desmame dos borregos faz-se aos 30/40 dias de idade (Borrego Terrincho DOP), iniciando-se a ordenha com a utilização do leite para o fabrico do queijo (Queijo Terrincho DOP).

 A ordenha é feita manualmente.

 

 

 Área geográfica

 A Churra da Terra Quente distribui-se por toda a região da Terra Quente e Douro Superior, tendo como especial referência sistemas de agricultura da região. De destacar sobretudo o sistema cerealífero de sequeiro com áreas reservadas à rotação cereal/pousio e a existência de grandes áreas de olival/amendoal/vinha e algumas terras de baixa com áreas de regadio destinadas a culturas hortícolas e lameiros.

Assim, estes ovinos com um efectivo total de cerca de 200.000 animais, estão dispersos nos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Vila Flor, Moncorvo, Mogadouro Alfândega da Fé, Freixo de Espada à Cinta, Vila Nova de Foz Côa, Carrazeda de Anciães e ainda em número pouco significativo em alguns concelhos limítrofes. (Ver Mapa anexo)

 

 

 

O efectivo desta raça que aquando da sua caracterização (1987) era calculado em 150.00 animais de reprodução (DGP) situava-se nos 200.000 (RGA-1999).



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